sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Mais três

Os que vi ontem:
  • Amanhã ao Amanhecer: que se perdoem os comentários negativos emitidos por gente que não entende muito da coisa: é um filme bastante interessante sobre o modus operandi do enfrentamento e da resolução de conflitos no universo masculino.
  • Zero: filme-mosaico. A Folha diz que ele "acompanha fragmentos do dia de um empresário, de uma médica elegante e de um barman". Faltou incluir aí outros 21 personagens principais (o produtor, presente à sessão e, aliás, responsável por um belo trabalho, contabiliza 24), que vão se cruzando acidentalmente em vertiginosos círculos de horríveis e/ou deprimentes acontecimentos cotidianos. Imagino que todos já devem ter se deparado com filmes que exploram esse tipo de roteiro engenhoso (o próprio cara cita como fontes de inspiração o Short Cuts, do Altman, Magnólia - que eu jamais vi - e algum outro de cujo título não me recordo agora). Em síntese, muito bacana.
  • O Apedrejamento de Soraya M: fiz muito mal ao recusar uma proposta alternativa de sessão. Trata-se de um panfleto contra o fofíssimo costume que o título do filme não faz questão de esconder. Como cinema, me pareceu tão abominável quanto o objeto que aborda. Produção estadunidense, está para o Irã assim como, imagino, a Índia esteja para uma certa novela da Globo. O acentuado caráter de manifesto, e, portanto, produto de exportação, obriga os personagens, habitantes de uma cidadezinha no meio do nada, a ficarem o tempo todo lembrando uns aos outros dos interditos consagrados por uma tradição reproduzida de geração a geração há quase 1.500 anos. Por várias vezes escutam-se coisas do tipo: "você sabe que esse comportamento não é permitido pela nossa tradição" ou "a lei islâmica reprova isso". Pensei em sair logo nos primeiros quinze minutos, mas acabei resistindo até o fim, talvez como teste de penitência. Fui então contemplado com o ápice da empreitada, tipo "momento Mel Gibson". Falo, claro, do apedrejamento propriamente dito. Imaginem a sensação de passar 20 minutos - de um filme muito bem produzido - acompanhando muitos e muitos closes e slow-motions da cena de uma mulher tomando pedradas na cara. Ah, a mensagem do filme é a de que os homens - pelo menos os da subseção iraniana - são todos iguais e não prestam.

3 comentários:

jorge elias jr. disse...

Zero me interessou desde o princípio, mas precisarei abrir mão de alguma outra coisa. Veremos como será a próxima semana.

jorge elias jr. disse...

Sobre o filme estadunidense rodado no Irã, tenho algumas observações:

1)Eu te disse
2) Eu já sabia
3) Eu bem que te avisei
4) Tomou, papudo?

Ramiro disse...

1) Dane-se.
2) Grande merda.
3) Avisos não confiáveis.
4) Nunca.