sexta-feira, 30 de outubro de 2009

De resto, vamos ao que interessa

Ou seja, mais provocações:

Ontem

Lymelife: não parece possível que, mais dia menos dia, não entre no circuito; mas não achei só um bom filme e sim um excelente filme. Da categoria estadunidense crítica ao american way of life, linha beleza americana ou Todd Solondz. Imperdível.

Amanhã ao amanhecer: não gostei, achei fraco, mas não foi a opinião dos demais que assistiram comigo. Se bem que como os demais não conseguem chegar na hora, não deveria ser uma opinião relevante. Porém teve o que talvez seja o melhor momento da mostra: um completo idiota entrando atrasado na sessão e posicionando-se na frente das legendas eletrônicas. Em um primeiro momento sequer percebeu o problema (ressaca brava, creio); em seguida, fez coro com os demais xingando e solicitando que o idiota (que até então, para ele, era desconhecido) saísse da frente; ao perceber que era ele, saiu e segundos depois voltou para desculpar-se com todos, inteligentemente colocando seu braço, mais uma vez, na frente das legendas. Como o filme seguinte era Apedrejando Soraya pude construir um curta imaginário de Apipocando Ramiro, que muito me satisfez durante a sessão do filme mais chato do dia.

O homem que comia cerejas: antes do filme brinquei ironicamente sobre como todos os filmes iranianos tem os mesmos elementos. O filme começou já desmontando meu preconceito. Diria até que, para os padrões da filmografia iraniana, é um dogma. Bem diferente dos que eu já havia visto, inclusive no retrato urbano do local. Se bem que no desenrolar da coisa vira o conteúdo de sempre: alguém andando de um lado para outro procurando ou precisando de alguma coisa ou alguém - tanto faz se é um sapatinho, um balão, uma criança, deus ou dinheiro. Filme iraniano é sempre uma andança para lá e para cá sem fim, não sei como tem tanta gente que acha a coisa meio paradona, eu sempre saio cansado. Mas este tem suas marcas, não é fundamental e traz um ineditismo: trata da opressão masculina por aquelas bandas, chega dessa farsa ocidental de que as mulheres tem de se sujeitar a um ambiente machista e injusto.

Ervas Daninhas: Gostei muito. Mas dá para não gostar nada. Na minha interpretação, trata exatamente da questão do pensamento fantasioso como recurso para viver, aqui não em situações extremas mas no dia a dia. Me identifico e creio ser meio por aí, é tudo uma grande inserção de fantasias, devaneios, sonhos e pesadelos no meio de fragmentos de realidade. Essa é minha vida e acredito que a de todos, se bem que não são todos os que estão dispostos a admitir que da realidade nada sabem, apenas constroem a parte que é mais conveniente. Tema que merece um debate mais aprofundado para depois.

Para hoje o mais provável é:

Eu Matei minha Mãe
Mother
O que resta do tempo

sábado tiro folga.

4 comentários:

Ramiro disse...

O evento que promovi no Arteplex foi só um momento infeliz, nada mais do que isso.
Aproveito a oportunidade para recomendar vivamente ao Jorge o filme Apedrejando Soraya M.

patricia orestes disse...

Gostei de Amanhã ao amanhecer, achei um filme bem feito, não previsível (fiz algumas conjecturas no decorrer do filme e nenhuma se concretizou). Também é daqueles em que para algumas situações apresentadas não se concluem, não há desfecho, inclusive por não constituírem, afinal, o cerne do filme.
O iraniano O homem que comia cerejas surpreendeu, mostrando um cenário urbano, fábrica, máquinas, asfalto e não desertos, lojas e não feiras livres, sem burcas, homens de "vestidos", apresentando uma temática para mim desconhecida. Bastante interessante pelo que mostra de novo de uma cultura sobre a qual pouco sei, mas, de qualquer forma, forão longos 70 minutos...
Quanto ao Ervas daninhas, confesso que saí perguntado o que foi aquilo, como, por que. Concordo com a análise do Jorge, mas não consegui fazê-la, ou qualquer outra, ao sair do cinema. Ficou a perplexidade. Ainda assim (considero perplexidade um bom sentimento), não creio que me faria falta não tê-lo assistido.

patricia orestes disse...

errata: há um "para" a mais e, por favor, substituam o forão (que não sei o que é) por foram, tá.

Ramiro disse...

Eu te ajudo. O substantivo "forão" pode ter duas acepções:
1. Reunião periódica de desocupados. Ex: Forão Social Mundial.
2. Grave e/ou marcante frustração de intenções amorosas. Como na frase: "Porra, Alberto, ontem eu dei em cima de um mulherão mas tomei um puta forão".