sábado, 31 de outubro de 2009

Antes tarde do que nunca (meus filmes, de terça ainda)

Peço desculpas aos amigos por não ter participado mais do blog como gostaria, mas o fato de trabalhar nessas férias, vem prejudicando bastante minha dedicação a outras atividades que não seja a de ver os filmes que selecionei. De qualquer forma, como já disse o Jorge, não existe ideia parada e tudo está em movimento. Por conta disso, sou favorecido em apenas conseguir escrever agora sobre os filmes que vi nestes últimos quatro dias, pois tive tempo de amadurecer algumas opiniões e impressões. Então vamos a elas:

TUDO QUE NOS CERCA: - Filme bem agradável de se ver. Interessante a ligação que a obra faz entre o cotidiano de um casal, suas crises, suas reconciliações, seus bons e maus momentos, com os acontecimentos e crimes recentes que abalaram a opinião pública japonesa. Esses, nos são apresentados em sessões da corte de justiça onde um dos protagonistas trabalha como retratista para a imprensa. Entretanto, a obra está longe de ser um filme de tribunal. Os julgamentos e a teatralidade típica que os envolve, não são o foco da obra. Também não se trata aqui de um mero pano de fundo.O tempo é demarcado por eles e a história dos personagens centrais, apesar de linear, é construída no roteiro em pequenos fragmentos que revelam o que foi vivido pelo casal no intervalo de meses ou anos entre as sessões do júri. Em síntese, é um filme sem grandes pretensões, mas bastante consistente com aquilo que se propõe.

NÃO É UMA ILUSÃODocumentário iraniano sobre o drama de Sara, que tenta ser cantora numa banda pop no país que restringe a participação das mulheres em várias atividades e, como não poderia deixar de ser, também na música. O problema desse filme, além da precariedade técnica que foi feito, talvez seja o distanciamento necessário entre a realizadora e a personagem que busca retratar. A diretora me pareceu muito próxima de Sara (talvez sejam amigas intímas, sei lá) o que talvez acabe prejudicando o seu olhar, favorecendo alguns exageros. Seu filme acaba tornando-se, além do “libelo” contra a repressão que sofrem as mulheres (tema prá lá de batido, como já foi dito aqui), uma hagiografia da moça, que não merecia essa “homenagem”.
Ah, por falar nisso, a musica pop iraniana, apesar de seu verdadeiro espírito underground, já que sob o tacão dos aitolás, até o mais popular grupo musical não passa de uma banda de garagem, a repressão não fez bem a música alternativa iraniana que mais parece um pastiche do rock estadunidense.

SAMSON & DELILAH – Esse o melhor filme da terça-feira e um dos melhores da mostra, apesar de ficar sabendo recentemente que o filme é o candidato da Austrália para a indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Também ganhou o Camera D'Or no Festival de Cannes deste ano. Bem, retrata a vida de dois adolescentes numa “pacata” comunidade de Aborígenes na Austrália. Mas, como todos sabem, os australianos são pessoas muito simpáticas, bastante afeitos aos locais, diferente de outros colonizadores bárbaros que massacraram e escravizaram seus nativos, não é verdade?
Cansados pelo “tédio” “resolvem” sair para buscar diversão na cidade. O resto eu não conto. Poderíamos dizer que é um Magico de Óz ao avesso.
Apesar de algumas escorregadelas (será que os australianos conseguirão um dia superar o seu complexo de ABBA e fazer algum filme sem nenhuma cafonice, oras !!!) é altamente recomendado.

3 comentários:

patricia orestes disse...

Puxa, Zé, adoro cafonices regadas a Abba!

Ramiro disse...

Talvez convenha informar à Patrícia que ABBA é o nome de um conjunto musical.
E quero crer que o tal "complexo de ABBA" que o Zé relaciona aos australianos deve ser apenas uma referência ao suposto sucesso que o grupo faz na Austrália, e não à origem dele, pois se trata de uma banda sueca.

patricia orestes disse...

Não é aquele que você costuma pedir pro DJ tocar, quando sai p/ dançar, nestas baladinhas que frequentas, meu caro amigo Ramiro? Ops... fui indiscreta?